- Posted By: thalita
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Como as comunidades tradicionais trabalham a preservação da cultura internamente
Muitas comunidades tradicionais de Ubatuba tem na tradição oral a fonte da manutenção interna de suas culturas, transmitindo seus conhecimentos de geração em geração, de modo que toda a formação da identidade de cada um desses modos de vida tenha na figura do griô, do contador de histórias, o sujeito que firma o elo mantenedor entre os antepassados, os presentes e as gerações vindouras, projetando e sustentando a essência de seu patrimônio imaterial no desenvolver do tempo.
A tradição oral é o testemunho e o conhecimento adquirido transmitido oralmente de uma geração para a seguinte, dando estrutura e fundamento a identidade cultural de um povo.
A preservação desses saberes é fundamental para a manutenção de toda uma ecologia de saberes que caracterizam todas as comunidades tradicionais locais.
O projeto “Rede de Turismo Ambiental: Comunidades Tradicionais” é uma iniciativa da Associação Cultural Comunitaria Gaivota (ACCG) que trabalha com as comunidades tradicionais do Quilombo da Fazenda e da Aldeia Boa Vista, no bairro do Prumirim. Ambas as comunidades fazem parte da própria história local, e, junto com outras comunidades tradicionais da cidade, tem na tradição oral a base de toda a cosmovisão cultural e social de cada uma delas, seja caiçara, indígena ou quilombola.
Tradição nos quilombos por todo Brasil, a figura do griô é central no Quilombo da Fazenda, onde os mais velhos da comunidade mantem também a função de griôs para os mais jovens, ensinando todo o saber quilombola, que contém em sí uma profunda sabedoria ancestral, com raizes em África e na história de seus antepassados.
A comunidade guarani da Aldeia Boa Vista também tem na tradição oral toda a sua base cosmosociológica, onde a palavra é considerada sagrada. Todo o conhecimento passado aos mais jovens pelos mais velhos é elevado à tradição oral entre os guarani m’byas da Aldeia Boa Vista, onde a comunidade faz rituais rotineiros para os contadores de histórias passarem o conhecimento ancestral guarani, mostrando o caminho para os mais jovens aprenderem a ouvir e a falar as palavras sagradas de Nhanderu.
Jorge Miguez Cavalcante